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O Segredo da Beleza na Arquitetura: A Fórmula Mágica de Vitrúvio

O tratado. Qual a formula de  construir beleza ?

No ano 1 A.C., o arquiteto romano Marco Vitrúvio Polião deixou um legado que perdura até os dias de hoje com sua obra “De Architectura Libri Decem” (Dez Livros sobre a Arquitetura), o único tratado de arquitetura da Antiguidade Clássica que chegou aos nossos tempos. Esse marco histórico não apenas definiu a arquitetura como algo tangível intelectualmente, mas também como algo tecnicamente explicável, inspirando uma profusão de tratados e debates sobre a teoria da beleza na construção, que ecoam até os dias atuais, influenciando mentes tanto no Oriente quanto no Ocidente.

Vale ressaltar que Vitrúvio defendia veementemente a ideia de que o arquiteto deveria ser um verdadeiro polímata, tendo uma educação ampla que abarcasse não somente a arquitetura, mas também áreas como matemática, física, filosofia, história, literatura, música e outras.

Em seu tratado “De Architectura”, ele enfatiza: “O arquiteto deve ser versado em muitas artes e ciências, para que seu trabalho possa abranger toda a extensão da arte da construção. Pois é necessário que ele tenha uma compreensão não apenas da natureza e do caráter dos materiais que ele usa, mas também das diversas funções para as quais os edifícios são projetados.”

Com isso, Vitrúvio ressalta a importância de uma formação multidisciplinar para o arquiteto, que transcenda os limites da própria arquitetura e incorpore conhecimentos diversos, permitindo-lhe criar edifícios duráveis, funcionais e esteticamente agradáveis.

Filosofia

Filosoficamente e até mesmo religiosamente, Vitrúvio se inspirava nas ideias de Platão e Anaximandro, introduzindo a analogia do macrocosmo-microcosmo. Esta analogia sugere uma similaridade estrutural entre o ser humano (o microcosmo) e o universo como um todo (o macrocosmo), uma ideia que permeia sua obra. No início do terceiro livro de seu tratado, ele escreve: “Deve haver uma correlação precisa entre seus componentes, assim como ocorre no caso de um homem com formas perfeitas.” Leonardo da Vinci, um dos maiores estudiosos de Vitrúvio, captou essa ideia em sua famosa representação do “Homem Vitruviano”, simbolizando o ideal de beleza e harmonia nas proporções.

No cerne de seu tratado, Vitrúvio estabelece três princípios fundamentais: venustas (beleza), firmitas (solidez) e utilitas (utilidade), nos quais a arquitetura se materializa como o produto tangível da excelência dessas três qualidades.

A forma é, sem dúvida, o pilar dessa tríade vitruviana, pois é ela que diferencia a arquitetura de uma simples construção. Ela confere significado ao objeto em questão, servindo como um canal de transmissão do grande cenário da vida, refletindo a razão por trás da proporção áurea e a complexidade da natureza ao nosso redor.

Na concepção do belo dentro do pensamento objetivista, a simplificação se dá em três aspectos principais: volume, proporção e elementos estéticos como figuras, cores, linhas e massas. Dentro dessa abordagem, a beleza é caracterizada pela habilidade do arquiteto ou artista em manipular e combinar esses elementos matemáticos e geométricos em suas obras.

Por outro lado, o relativismo introduz um diálogo subjetivo na arquitetura, onde a beleza é vista através de uma lente cultural e o valor de uma obra é determinado pelo contexto e pelo artista.

Homem vitruviano de Leonardo da Vinci

Os três princípios fundamentais de Marco Vitrúvio Polião

Em seu tratado Vitrúvio toma como alicerce três princípios básicos, venustas (beleza), firmitas (solidez) e Utilitas (utilitário), e no pensamento de Vitrúvio finalmente arquitetura seria o produto palpável do alcance do resultado excelência dessas três qualidades.

  1. Venustas (Beleza): Vitrúvio entendia a beleza como mais do que apenas uma estética agradável; para ele, era a harmonia entre forma e função. Isso significava que a beleza em um edifício não era apenas uma questão de aparência, mas também de como o design atendia às necessidades práticas e estéticas das pessoas que o utilizavam. Assim, a beleza arquitetônica não era apenas uma questão de proporções elegantes ou ornamentos decorativos, mas sim de como esses elementos se integravam para criar uma experiência visualmente agradável e funcional.
  2. Firmitas (Solidez): A firmitas refere-se à solidez estrutural e à durabilidade de um edifício. Vitrúvio acreditava que um bom projeto arquitetônico deveria ser construído para durar, resistindo ao teste do tempo e às condições ambientais adversas. Isso envolvia não apenas a seleção adequada de materiais de construção, mas também o planejamento cuidadoso da estrutura e da fundação do edifício para garantir sua estabilidade e segurança ao longo dos anos.
  3. Utilitas (Utilidade): A utilitas diz respeito à funcionalidade e ao propósito prático de um edifício. Para Vitrúvio, um edifício bem projetado não apenas era visualmente agradável e estruturalmente sólido, mas também atendia às necessidades práticas das pessoas que o utilizavam. Isso envolvia considerações como o layout interno do edifício, a organização dos espaços e a facilidade de uso para seus ocupantes. Um edifício verdadeiramente útil era aquele que se adaptava às necessidades de seus usuários e facilitava suas atividades diárias de forma eficiente e eficaz.

É solido afirmar que a preocupação com a forma era o alicerce da tríade vitruviana, visto que a forma é aquilo que distingue á arquitetura de construção ou edicula.É aquilo que da sentido ao objeto em questão.

E Mais a fundo a concepção forma do belo dentro de um pensamento objetivista, são observadas a seguir a seguinte ordem:

1.Volume; Espaço e Superfície.

2.Proporção; Ritmo e Simetria.

3.Figuras, Cores, Linhas e Massas.

Dentro das concepção do pensamento objetivista, o belo se caracteriza na excelência em que o Arquiteto/Artista, dispõe e promove esses elementos matematicos/geométricos dentro da concepçao de suas obras. Que muito difere de um diálogo relativista promove o subjetivismo na arquitetura, como um objeto acepção negativa ao conhecimento acumulado, a beleza fica refém unicamente de seu expressionismo, tendo o seu valor medido por movimentos culturais embasados em politica.

Taj Mahal — Índia

 

Vitrúvio defendia uma abordagem holística para a arte e arquitetura, que combinasse conhecimentos técnicos com uma visão estética e filosófica, a fim de criar edifícios que fossem duráveis, funcionais e bonitos. Seu tratado “De Architectura” teve uma influência duradoura na arquitetura ocidental, e muitos dos seus princípios ainda são estudados ainda hoje em dia.

Ao compreender e aplicar os princípios vitruvianos, os arquitetos contemporâneos têm a oportunidade não apenas de criar espaços esteticamente agradáveis, mas também de contribuir para a construção de ambientes que promovam o bem-estar humano e se integrem de forma harmoniosa ao contexto em que estão inseridos. Assim, o legado de Vitrúvio continua a moldar não apenas a arquitetura, mas também a maneira como concebemos e interagimos com o mundo ao nosso redor.

Vitrúvio. Tratado de Arquitectura

Gherki — Nornan Foster — Inglaterra

Museum louvre — França

 

 

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